domingo, 9 de outubro de 2016

Lendas | Angra do Heroísmo

  Atualmente, a Angra do Heroísmo é a capital da ilha terceira. É uma rica cidade conhecida pelas suas belas praias e pela sua gastronomia, onde se destoa o queijo. Além disso, faz parte do patrimônio da U.N.E.S.C.O..

  Como legado histórico, também tem várias referencias, uma vez que é a capital histórica dos Açores e uma das primeiras ilhas do arquipélago a ser descoberta.

  Mas será que uma cidade assim tão importante nasceu sem lendas? Não, esta cidade é dona de uma das lendas mais emblemáticas de Portugal. Uma lenda que narra amores não correspondidos e o nascimento da própria cidade. Uma lenda que remete ha muitos, muitos milênios... Antes mesmo do antigo Egito. Uma lenda protagonizada por um ciumento Deus do mar.

  Caso esteja interessado em ler esta deslumbrante lenda, Continue a ler esta postagem.


  Segundo a lenda, havia um poderosíssimo Príncipe dos Mares. Esse príncipe andava perdido de amores por uma lindíssima princesa de cabelos loiros, que vivia em domínios próximos dos seus. A princesa, entretanto, já se encontrava apaixonada por outro Príncipe.

  Deste modo, o Príncipe dos Mares vivia consumido por ciumes, o que, por vezes, o levava a cometer violência. Vendo que já não aguentava mais, decidiu chamar uma Fada ao seu reino marinho para mudar o rumo dos acontecimentos.

  Atendendo ás suas preces, a Fada veio e tentou, durante bastante tempo, que a bela rapariga, de cabelos loiros, desistisse do seu amor e se apaixonasse pelo Senhor do Mar. Fez desde magias a quebrantos e exerceu todas as suas influencias. Todavia, devido ao profundo amor que a princesa nutria pelo outro Príncipe, tudo o seu esforço se mostrou vão. Frustado pelo insucesso da Fada, o Senhor dos Mares expulsou-a dos seus domínios.

  Um dia, os dois apaixonados, que até então apenas tinhão partilhado olhares discretos e devaneios, trocaram o primeiro beijo. O beijo foi rápido mas, mesmo assim, o sussurro dos apaixonados foi ouvido pelo Senhor e Príncipe dos Mares, que acordou do leito de rocha basáltica negra e areia vulcânica, onde dormia.

  Quem também escutou o sussurro dos apaixonados foi a Fada, que percorreu, com toda a celeridade, os céus em direção aos domínios do ciumento príncipe dos mares. Ela via naquilo uma oportunidade de ouro para ajudar o Senhor dos Mares, de quem entretanto se apaixonara, e se vingar da princesa que lhe despedaçara o coração, roubando-lhe a felicidade.

  Quando, finalmente, chegou ao reino do Senhor do Mar, viu-o, furioso, a bater contra a terra com furiosas e encapeladas ondas, cobertas de espuma branca. Cautelosamente, para evitar as ondas, a Fada aproximou-se do Príncipe do Mar e disse-lhe num tom amargo e manipulador:

  - Príncipe do Mar, chegou a hora da vossa vingança. Aqui estou eu para fazer o que mandardes.

  Cego pela raiva, pelo ciúme, pelo ódio e pela cólera, este ordenou-lhe em tom altivo:

  - Correi, Fada, fulminai o príncipe que roubou minha amada! Mas... Lembrai-vos, só a ele!

  A fada, contente, aceitou de imediato a tarefa e convidou o senhor do mar para o conluio que iria, entretanto, congeminar. Este, cego de raiva, aceitou o convite sem pensar duas vezes. Então, a fada levou-o pela mão para a praia onde estavam os dois pombinhos.

  Na praia, os dois jovens adultos estavam na areia estendidos um ao lado do outro, a rir. A rapariga tinha os seus longos cabelos d´ouro, dourados ao por do sol, soltos e a levitar numa pequena aragem.

  Mal chegaram, a fada soltou a mão do Senhor do Mar precipitando-se sobre o par enamorado para fazer o feitiço. Assim que terminou o encanto, o Príncipe de que a princesa tanto gostava estava transformado num enorme monte (o Monte Brasil), coberto de um denso arvoredo, levantando-se, altivo, de frente para o mar. A princesa, recusando-se a abandonar o seu amado, ficou para sempre acocorada na posição em que se encontrava. Com o decorrer dos milénios, a princesa, transformou-se na baía onde, mais tarde, se formou a cidade de Angra do Heroísmo.

  Assim, os dois ficaram unidos e embalados pelos dias e pelas noites, a ouvir o eterno soluçar angustiado do Atlântico, Príncipe e Senhor dos Mares, para toda a eternidade.



  Esta foi uma edição do quadro Lendas. Caso tenha gostado desta lenda e queira ler mais, clique aqui.

1 comentário:

  1. Belíssimo conto! Mas, cheio de fantasias, os antigos realmente tinham uma imaginação...

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