domingo, 2 de abril de 2017

Lendas | Reino de Atlântida e dos Açores

    Existem diversas lendas sobre a Atlântica, mas só há uma verdade. E se vos dissessem que a lenda da Atlântida explica a origem dos açores?

    Nesta edição do quadro lendas, iremos debruçar-nos nestes na lenda da Atlântida e na origem dos Açores. Uma lenda que nos consegue mostrar como é que a riqueza e a influência conseguem mudar radicalmente um povo.


    Segundo a lenda, haveria, algures no Oceano Atlântico, em frente às Portas de Hércules (portas que, segundo a mitologia grega, fechavam o Mar Mediterrâneo, correspondendo ao nosso atual Estreito de Gibraltar), um continente chamado Atlântida.

    Esse continente seria um lugar com tanto de magnifico como de extraordinário, com um clima suave, nem demasiado quente, nem demasiado frio; magnificas e únicas paisagens; grandes florestas de frondosas, gigantescas e saudáveis árvores, florestas essas que forneciam aos habitantes todos os tipos de madeiras consideradas preciosas; extensas planícies que, devido à sua fertilidade, chegavam a permitir duas ou mais colheitas por ano; minas de onde se podiam extrair todos os metais e as mais únicas e extraordinárias espécies de animais que o ser humano poderia imaginar.

    Todavia, a unicidade desta terra não provinha somente das características naturais dela. Os habitantes desta invejável civilização, considerada rica e perfeita, eram os Atlantes. de facto, segundo consta, os Atlantes não terão perdido tempo, nem pensado duas vezes antes de humanizar o continente. Atlântida, além das características enumeradas em cima, também dispunha de palácios; de templos cobertos por diversos tipos de materiais preciosos, como o ouro, a prata, o estanho e, sobretudo, o marfim; de infraestruturas, como estádios, ginásios e jardins; de modernas vias de comunicação, como estradas e pontes e, por fim, como se este continente já não fosse suficientemente próspero, ainda havia oricalco. O oricalco era um material exótico, mais valioso do que o ouro, usado, geralmente, ma joalharia. Este material era, também, exclusivo da Atlântida.

  Com todos estes coadjuvantes, não é de estranhar que a economia florescente proporcionasse as artes, permitindo a existência de artistas, músicos e grandes sábios.

  Tendo em conta todos os seus incríveis tributos, não é, certamente, de estranhar que esta aprazível terra fosse considerada paradisíaca.

    O império Atlante era constituído por uma federação de 10 reinos, que estavam sobre proteção de Poseidon (divindade grega encarregada dos mares e oceanos). Os reinos que fossem considerados como exemplares, não sendo corrompidos pelo vicio e pelo luxo, viveriam num pleno e magnifico bem-estar permitido pelas características únicas de Atlântida. O que, todavia, não fazia com que deixassem de praticar e ensaiar as artes da guerra. De facto, devido às continuas invasões de povos, interessados na riqueza do continente, a arte da guerra era elementar à sobrevivência dos atlantes.

    Com a continua necessidade de proteger o lar, não é de admirar que o poderio militar dos atlantes fosse imenso. Na verdade, devido ao enorme sucesso das tropas defensoras, o orgulho deste povo começou a crescer.. Orgulho esse que concedeu uma ambição desmedida aos habitantes de alargar as fronteiras do reino.

    Assim, o poderosíssimo e bem organizado exercito atlante começou, aos poucos e poucos, a conquistar grande parte do mundo conhecido de então. Ao fim de algum tempo, os atlantes, já tinham conseguido dominar inúmeros povos e incontáveis ilhas ao seu redor. Deste modo, o nome Atlântida, começou, também, a designar uma grande parte da Europa Atlântica e do Norte de África. Segundo a lenda, os únicos que conseguiram resistir ao seu avanço foram os gregos de Atenas.

    Nesta fase, os, outrora, corações puros dos atlantes, começavam a ser endurecidos pelas armas. Agora, os bons e nobres sentimentos davam lugar ao orgulho, à vaidade, ao luxo extravagante, à corrupção e, o que agravava tudo, ao desrespeito pelos deuses.

    Caro leitor, lembra-se de se ter referido, anteriormente, que Poseidon protegia estas terras? O mesmo, nesta altura, já não acontecia. Vendo-se desrespeitado e ultrajado por meros mortais, o Deus dos oceanos e dos mares viu-se obrigado a convocar um Concilio dos Deuses. Concilio esse que tinha como finalidade travar os atlantes. Finda a reunião, a decisão vetada tinha sido castigar severamente e exemplarmente este povo.

    De repente, a Atlântida tremeu violentamente, vitima de sucessivos tremores de terra, criados devido à influencia divida nas placas tectônicas; os céus escureceram como se fosse noite; apareceu fogo que queimou, selvaticamente, todas as florestas e todos os campos de cultivo. Como se esta destruição massiva já não fosse o suficiente para castigar os atlantes, elevaram-se majestosas e gigantescas ondas do mar, que galgaram terra e engoliram aldeias e cidades.

    Desta forma, o outrora próspero e promissor continente tinha desaparecido, para sempre, na imensidão do mar. Certamente, este era o fim esperado, correto? Acontece que, apesar de essa ser a ideia, o resultado não correu como esperado... Segundo se conta, quando os Desuses tomaram a decisão, esqueceram-se de um pequeno pormenor: as elevadas montanhas. Assim, nem todo o território foi engolido pelas vorazes ondas de Poseidon. Segundo se conta, os cumes das montanhas ficaram acima do nível médio da água do mar, originando, com o tempo, as nove ilhas dos açores.

    Apesar de a Atlântida ter sucumbido e ter levado consigo os seus habitantes, diz-se que os atlantes que habitavam nos outros territórios, como o Norte de África e a Europa Atlântica, terão conseguido escapar à catástrofe. Estes últimos atlantes ter-se-ão espalhado por todo o globo e deixado descendentes, que sobrevivem até hoje.



  Esta foi uma edição do quadro Lendas. Caso tenha gostado desta lenda e queira ler mais, clique aqui.

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